“Crime contra a saúde das brasileiras” por Mara Gabrilli

17 de março de 2014 2

Uma recente portaria (nº 1.253/13) diminuiu o repasse de verbas da União aos municípios para realização da mamografia, restringindo o acesso às pacientes entre 50 e 69 anos. Caso queiram realizar o exame em mulheres de até 49 anos, as prefeituras receberão verba apenas para a realização da mamografia unilateral, ou seja, exame realizado em um seio. É o mesmo que o SUS oferecer a prótese de uma perna só para uma pessoa amputada das duas.


O Governo está retrocedendo um serviço que deveria ser expandido e aprimorado, por exemplo, às mulheres com deficiência, que encontram enormes dificuldades para realizar o exame por falta de equipamentos adaptados em todo o País. Essas mulheres ficam sem acesso aos serviços de saúde comuns como a realização de exames preventivos a doenças como câncer de mama e colo do útero. Os postos de saúde não oferecem espaços acessíveis, tampouco equipamentos adaptados. E as dificuldades são ainda maiores para ter acesso a um pré-natal.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, cerca de 25% dos casos de câncer de mama no Brasil são detectados nas mulheres com idade entre 40 e 50 anos. Quando restringimos o acesso a qualquer ação de prevenção, estamos automaticamente aumentando gastos futuros, uma vez que o custo de um tratamento é muito superior ao de um exame. Sem contar no prejuízo indelével que um câncer pode causar a vida de uma família inteira.
A mesma gestão que aprovou a legislação que obriga o Sistema Único de Saúde a realizar a mamografia em mulheres acima dos 40 anos é a que agora subtrai esse direito. Mulheres ficarão doentes enquanto o Governo comanda uma gastança absurda e injustificada, com o Planalto desembolsando fortunas em propagandas oficias. Tudo isso em uma nação, que, diga-se de passagem, é comandada por uma mulher.

Para reverter essa afronta à sociedade brasileira, a bancada do PSDB adotou uma série de medidas judiciais para reverter essa decisão absurda. E nossa indignação surtiu efeitos. O ministério editou a Portaria nº 126, de 24 de fevereiro de 2014, passando o procedimento para mamografia bilateral para rastreamento.

Recentemente, na Comissão de Seguridade Social e Família, toda bancada feminina subscreveu requerimento da deputada Carmen Zanotto para debater o tema. Meu compromisso neste debate é cobrar por mamógrafos acessíveis para mulheres com deficiência, uma demanda latente no Sistema Único de Saúde.

É lugar comum aos brasileiros a precariedade da saúde pública no país. Mas não podemos nos calar diante de uma decisão nefasta do Governo que levará o que está precário à beira da morte.

Mara Gabrilli Deputada Federal pelo PSDB.


2 Comentários »

  1. ERLON CARDOSO 17 de março de 2014 às 19:55 - Responder

    Doutora, muito bom o artigo da Senhora. Inclusive, por abortar assunto sobre a prevenção; até, compartilhei na minha Comunidade Virtual “CIPA-MUNDO”; no sentido de aumentar as chances de visualizações e comentários. Aliás, sinta-se a vontade para curtir, também, a CIPA – MUNDO no Facebook. Desde já, agradecido!

  2. Carmen Silvia Duarte Vaz (Ciça) 19 de março de 2014 às 2:09 - Responder

    Isso é uma falta de respeito ao ser humano, à saúde da mulher, uma irresponsabilidade social, uma visão imediatista, obtusa visando economizar recursos em uma esfera aonde se deveria haver mais investimentos, aprimoramentos, exames mais detalhados para que os profissionais possam dar seus diagnósticos com mais segurança e promover tratamentos preventivos, em tempo e a tempo. Grande iniciativa, como todas as demais notoriamente reconhecidas, por parte de Mara Gabrilli.

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