Brasília – Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (24), o tucano José Serra (SP) Serra reiterou que não tem planos de deixar o PSDB e censurou a antecipação da campanha eleitoral promovida pelo PT.
“Dilma passou dois anos perplexa, com a herança deixada por Lula, e dois anos fazendo campanha eleitoral”, salientou.
O ex-governador criticou a postura da petista, que recorreu ao auxílio do ex-presidente Lula antes de se posicionar em relação às manifestações pelo país.
“O ciclo petista acabou e eles vão continuar fazendo o possível para continuar”, disse.
E completou: “Precisa de muito susto para vir a São Paulo encontrar o Lula, o prefeito [Haddad] e o marqueteiro [João Santana], para decidir o que fazer quanto às passagens de ônibus”.
Sobre o plebiscito, proposto por Dilma para convocar uma Constituinte exclusiva para aprovação da reforma política, Serra considerou a proposta “absurda”, por conta da inconstitucionalidade e da falta de aplicabilidade em pleno ano eleitoral.
E afirmou: “É uma proposta inviável, feita para que as pessoas olhem e achem que a presidente está fazendo alguma coisa. A presidente se sente acuada e atira para todos os lados”.
Para ele, os anúncios são um “palanque de ilusões”, montado para ganhar a mídia: “É a espetacularização dos acontecimentos”, classificou.
Manifestações – Ao analisar as manifestações populares nas últimas semanas, o tucano entende que é impossível antecipar o futuro: “Acho muito difícil prever quais serão os desdobramentos”, comentou.
Segundo Serra, três pontos merecem destaque: o movimento não tem partidos, governos ou sindicatos por trás; a grande maioria dos manifestantes reprovar a violência e a existência das mais diversas motivações.
“Nunca vi nada parecido no Brasil”, comparou. “As motivações foram múltiplas, diversas, até a de simplesmente expressar a indignação”.
O ex-governador considera que o pano de fundo dos protestos é o “fim de um ciclo de consumo que começou com o Plano Real, que estabilizou a economia” e que alcançou o seu máximo no governo Lula, por conta da bonança externa.
Serra acredita que esse ciclo se esgotou, com o crescimento da renda cada vez menor e o endividamento das famílias.
“O horizonte não é otimista e as pessoas, os manifestantes, percebem isso. O Brasil não tem um rumo claro, o governo está sem rumo e isso passa para a sociedade”, finalizou.
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